Estou aqui, saboreio-me, um gosto desconhecido de sangue e água ferruginosa, meu gosto, eu sou meu próprio gosto, eu existo. Existir é isso: beber-se a si próprio sem sede.A IDADE DA RAZÃO
Este Blog foi criado para quem ama as palavras... Aqui estarei publicando textos e poemas de autores que marcaram a minha vida e que de alguma maneira me inspiraram para a carreira literaria a qual tenho me dedicado nao integralmente mas apaixonadamente desde sempre... Estou postando tambem alguns clips. Sejam todos bem vindos!!! CLAUDIA FERRARI
Incapaz é a palavra. Então vim pra cá. Não havia nenhum outro lugar para onde eu pudesse ir. Estava acabada. Você sabe o que é estar acabada? Minha juventude, de repente, tinha ido embora por um cano de esgoto. E... foi então que encontrei você. Você disse que precisava de alguém. Eu também precisava de alguém. Agradeci a Deus por ter me mandado você. Você parecia tão bondoso. Um abrigo na rocha do mundo onde poderia me esconder... Mas acho que estava pedindo, desejando... demais. 



Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim…do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe…nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices… Aí, os dias vão passar, meses…anos… até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo…. Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: “Quem são aquelas pessoas?” Diremos…que eram nossos amigos e…… isso vai doer tanto! “Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!” A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente……Quando o nosso grupo estiver incompleto…reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrima abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo….. Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades…. Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!




E cada livro que eu lia, achava que era a obra máxima, meu guia; meu irmão meu tudo... Meus amigos, tão descabelados quanto eu, vinham somar às minhas suas desesperadas dúvidas. E em debates que não acabavam nunca, varávamos a noite até a madrugada. Deitáva-me com a garganta seca, exausto e deprimido, ainda mais perturbado que antes. Um caos.
Gente assim ri mais, chora mais, odeia mais, ama mais... Ama mais, principalmente isto. Ama muito mais. É uma espécie de gente inflamável, que esta sempre se queimando e se renovando sem parar. De onde nascem chamas tão altas? Muitas vezes não há nenhuma acha de lenha para alimentar o fogo, de onde vem tamanho impulso? Mistério.
As multidões tendem sempre a aceitar um senhor. As massas despem-se da apatia, tornando se facilmente obedientes. É preciso sacudí-las, movê-las, impeli-las, castigar os homens com o próprio benefício de sua alforria, ferir-lhes os olhos pela verdade, lançar-lhes luz às mancheias. É preciso que eles próprios sejam um tanto fulminados pela sua própria salvação; esse deslumbramento os desperta. 
Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho começa a procurar um espinheiro-alvar, e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia despendendo um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára pra ouvi-lo, e Deus sorri lá no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sacrifício.
Não será somente por mais duzentos ou trezentos anos, mas ainda por um milhâo de anos. A vida continuará como tem sido até agora. Ela não varia, é constante, segundo suas próprias leis que não nos dizem respeito, ou, pelo menos, não conheceremos jamais. Os pássaros migratórios voam e continuarão a voar sem saber para onde. Voam independentemente dos filósofos que surjam entre eles...
Sabe doutora, eu mudei, mas o meu EU antigo não me deixa em paz.
A terapia do obelisco funciona assim: Pôe o obelisco na cabeça cinco minutos, e quando tira a gente se sente tão bem. Mas não vão ficar toda hora que tem dorzinha por o obelisco. "Ai doutora, estou com uma angustia..." e põe o obelisco. "Ai doutora, minha auto-estima isso e aquilo..." e põe o obelisco. "Ai, tô com não sei o que..." e põe o obelisco. Vocês tem que vencer por vocês, senão gera dependência. Agora me ajudem a tirar o obelisco da cabeça desta daqui. Não deixem cair que me faz um rombo no chão. Pronto! Outra coisa, na reconstrução e dismistificação do trauma só recriaremos a situação aqui UMA VEZ! Depois se precisar recriar de novo paga taxa extra. Eu que não vou ficar aqui toda hora alimentando sofrimento alheio. "Ai doutora, quero me lembrar daquela situação horrorosa que me aconteceu há dez anos atrás..." "Ai doutora, quero lembrar daquela coisa pavorosa que aconteceu quando eu tinha seis anos de idade..." Quer sofrer tem que pagar! No meu tempo um belo tanque de roupa suja resolveria todos os problemas de vocês!
Há um crime nisso tudo, que não foi denunciado. Há uma tristeza nisso, que o pranto não pode simbolizar. À terra fértil, às filas retas de árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. E as crianças sofrendo de pelagra tem que morrer porque a laranja não deve deixar de dar o seu lucro. E os médicos-legistas devem declarar nas certidões de óbito "morte por inanição" porque a comida deve ser forçada a apodrecer.
Meu poder já não existe,
