Sunday, January 28, 2007

JUAN RAMON JIMENEZ

Existem muitos milagres em nosso lindo planeta que provam a existencia de Deus. GRANADA É UM DELES. Um lugar inesquecivel que torna mais felizes as pessoas que la vivem e deixa uma enorme saudade no coracao dos que partiram...


***
Se fué a Granada por silencio y tiempo, y Granada le sobredió armonía y eternidad.

La oriental Granada; la reina de Andalucía; la soñadora reina coronada con guirnalda eterna de nieves y rosas.


Granada me ha cojido el corazón. Estoy como herido, como convaleciente.

Al oscurecer estaba yo sentado en la Escalerilla del Agua, Generalife, Granada sola, cansado con la delicia de una tarde de sucesivo gose paradisíaco, sumido, sombra sin peso ni volumen, en la sombra grande que crescía, tintando moradamente, nutriéndolo todo de celeste transparencia, hasta dejar desnudas y en su punto las estrellas.

Granada nocturna estaba dormida en su interno romanticismo desinteresado de todos los demás del mundo.

Y las altas estrellas mismas, de otro temblor también. La misma eternidad española, orientada de otro modo.

OLVIDOS DE GRANADA

MACHADO DE ASSIS


"O protesto do homem é filho de um velho instinto de resistência à autoridade. Uma vez criado, o homem desobedeceu logo ao Criador, que aliás, lhe dera um paraíso para viver; mas não há paraíso que valha o gosto da oposição. Que o homem se acostume às leis, vá; que incline o colo à força e ao bel-prazer, vá também; é o que se dá com a planta quando sopra o vento. Mas que abençoe a força e cumpra as leis sempre, sempre, sempre, é violar a liberdade primitiva, a liberdade do velho Adão." - Esaú e Jacó.

"A prece é a escada misteriosa de Jacó: por ela sobem os pensamentos ao céu; por ela descem as divinas consolações." - Helena

"O melhor modo de viver em paz é nutrir o amor próprio dos outros com pedaços do nosso" - Helena

" Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de ir." - Don Casmurro

"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar."
"O amor não nasce de uma circunstância fortuita , nem de uma longa intimidade, é uma harmonia entre duas naturezas, que se reconhecem e se completam." - Ressurreição

"Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos
- Esaú e Jacó

"O destino não é só dramaturgo, é também o seu próprio contra-regra, isto é, designa a entrada dos personagens em cena, dá-lhes as cartas e outros objetos, e executa dentro os sinais correspondentes ao diálogo"
- Don Casmurro

"As aventuras são a parte torrencial e vertiginosa da vida, isto é, a exceção" –
Memórias póstumas de Brás Cubas

"Acomodar-se às circunstâncias do momento, faz hábeis os homens e estimáveis as mulheres".
"Perdem o bem pelo receio de o buscar" – Ressurreição

Saturday, January 27, 2007

JOSEPH CONRAD


Um barco é muito parecido com o outro, mas o mar é sempre o mesmo. Na imutabilidade de seus arredores, de suas encostas estrangeiras, de seus rostos estrangeiros, nas mudancas da imensidao da vida, do passado planando; velado nao por um senso de misterio, mas por uma leve ignorancia de que nao ha nada de misterioso para um homem do mar, a nao ser o mar por ele mesmo. O mar que é o mestre de sua existencia, indecifravel como o Destino.
O CORACAO DAS TREVAS

Jean Paul Sartre





Brunet volta-se, tudo está calmo, os homens habituaram-se à sua alegria, há quem jogue às cartas e cante, outros estão silenciosos e encantados, contam histórias a si próprios, com os olhos cheios de recordações, que finalmente ousam deixar sair do fundo dos seus corações; ninguém presta atenção ao comboio que para, Brunet está completamente adormecido, sonha com uma estranha planície onde homens totalmente nus e magros como esqueletos, com barbas grisalhas, estão sentados à volta de uma grande fogueira; quando acorda, o Sol está a baixar no horizonte, o céu está arroxeado, duas vacas pastam num prado, o comboio continua a não se mexer, há tipos que cantam; no campo, soldados alemães apanham flores. Há um pequeno e gordo, muito forte, de faces coradas, que se aproxima dos prisioneiros, com uma margarida na boca e um sorriso muito aberto.
COM A MORTE NA ALMA

Simone de Beauvoir



Eis aqui o meu primeiro livro - o unico certamente - que voce nao leu antes que o
imprimissem. Embora todo dedicado a voce ele ja nao lhe concerne.




Deus e uma imagem pre-fabricada do homem, o homem multiplicado pelo infinito. E diante da qual o homem deveria esforcar-se por satisfaze-la. Continua a tratar-se, portanto, de uma relacao consigo, de uma relacao consigo absurda mas imensa e exigente. E essa relacao que e preciso suprimir porque e a verdadeira relacao consigo. A verdadeira relacao consigo e aquilo que somos e nao aquilo que construimos vagamente semelhante a nos.

A CERIMONIA DO ADEUS

Monday, January 22, 2007

Juan Guzman Cruchaga / poeta chileno





Dou por ganho tudo o que perdi




Por recebido tudo o que esperei

Por vivido tudo o que sonhei
E por sonhado tudo o que vivi...

Sunday, January 21, 2007

BOCAGE


Eu louco, eu cego, eu mísero, eu perdido

De ti só trago cheia, oh Jónia, a mente;

Do mais e de mim ando esquecido.

As Mil e Uma Noites



Eis que aquela coluna se transformou num ifrit de grande estatura, largo de corpo, amplo de peito, que trazia uma caixa sobre a cabeça. Desceu à terra, veio em direção da árvore na qual eles estavam e pôs-se sob ela. Levantou a tampa da caixa e dela tirou um grande cofre de cristal, cuja tampa também levantou. Imediatamente surgiu do cofre uma jovem belíssima, luminosa como o sol quando sorri. Depois de ter contemplado bastante a bela adolescente, o ifrit lhe disse: “Ó soberana das sedas! Ó tu que arrebatei no próprio dia de tuas núpcias! Gostaria bem de dormir um pouco neste lugar solitário, onde os olhos dos filhos de Adão não podem te ver. E depois que eu tiver repousado da viagem, farei contigo, então, a coisa do costume.” Ela lhe disse, com voz que parecia o cântico de um pássaro: “Dorme, ó pai dos gênios! Que o sono te seja reconfortante e delicioso!” E o ifrit, pousando a cabeça sobre os joelhos dela, dormiu.
colecao de contos arabes

ALEKSANDR PÚCHKIN


Teu belo ser, em pensamento,

Uma vez mais ouso afagar;

O sonho, com o sentimento

Reaver; com gozo, acanhamento

E dó, o amor teu evocar.

Foge, a mudar-se, cada vida;

Muda-se tudo, e tu, e eu.

Já para teu poeta, querida,

E o amado, para ti, morreu.

Recebe, pois, longínqua amada,

O adeus deste meu coração,

Qual viúva, ou qual o que abraçada

Mantém a que ele ama, calada,

Quando ele vai sofrer prisão.

Conan Doyle


“Para norte e leste, para oeste, voltou ele os olhos perquiridores e esbugalhados,
e então compreendeu que sua jornada sem rumo tinha chegado ao fim, que ali, sobre
aquele penhasco desnudo, ele ia morrer. ‘E por que não aqui, em vez de num leito de
plumas, há vinte anos?’ Resmungou ele consigo, sentando-se ao abrigo de uma lapa.”


Sherlock Holmes: um estudo em vermelho

JANE AUSTEN


Considerada a maior autora da lingua inglesa, estando atras somente de William Shakespeare...


“Como foi mesquinha a minha conduta!” Exclamou ela, “eu que me orgulhava
tanto do meu discernimento, da minha habilidade! Eu que tantas vezes desdenhei a generosa candura de minha irmã (...). Como é humilhante esta descoberta! Mas como é justa esta humilhação! (...) Mas a vaidade, não o amor, foi a minha loucura! (...) Até este momento eu não conhecia a minha própria natureza”.


Orgulho e Preconceito

VINICIUS DE MORAES


Amo-te tanto, meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

CHICO BUARQUE

Definifinitivamente o maior compositor brasileiro...



Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar...



Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais
Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)
Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair...



Palavra prima
Uma palavra só, a crua palavra
Que quer dizer
Tudo
Anterior ao entendimento, palavra
Palavra viva
Palavra com temperatura, palavra
Que se produz
Muda
Feita de lua mais que de vento, palavra
Palavra dócil
Palavra d'agua pra qualquer moldura
Que se acomoda em balde, em verso, em mágoa
Qualquer feição de se manter palavra
Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra
Talvez à noite
Quase-palavra que um de nós murmura
Que ela mistura as letras que eu invento
Outras pronúncias do prazer, palavra
Palavra boa
Não de fazer literatura, palavra
Mas de habitar
Fundo
O coração do pensamento, palavra...

Saturday, January 20, 2007

LES MISERABLES AND MISS SAIGON

Dos geniais compositores Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg - os dois musicais mais lindos que existiram e que viajaram o mundo todo...

Onde ainda eles estiverem passando sao maravilhosos e imperdiveis !!!






Thursday, January 11, 2007

EMILE ZOLA


"Então os trabalhadores fizeram um círculo em volta dos dois cavalos e comecaram a zombar. Que cheiro precioso era esse? Mas Batalha ficava mais e mais exitado independente da zombaria. Talvez ele estivesse sentindo o bom perfume do ar puro, o cheiro do sol dos campos ha muito esquecido que o outro ainda trazia consigo. Entao Batalha deu um relincho estridente. Era sua maneira de dar as boas vindas ao recem chegado, a felicidade que lhe trazia a lembrança dos velhos dias e a tristeza ao constatar que ali estava mais um prisioneiro que jamais voltaria à superfície da terra com vida."
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"Catherine entao enlaçou os braços ao redor do pescoço de Etienne. Agarrando-se a ele, buscou seus lábios e pressionou-os apaixonadamente contra os dela. A escuridão se foi, o sol retornou e ela mais uma vez sorriu como uma menina apaixonada. Ele tremia enquanto sua pele sentia o toque do corpo dela. Afinal eles teriam sua noite de núpcias ali em baixo, naquele túmulo sob uma cama de lama. Nenhum dos dois queria morrer sem antes conhecer a felicidade, sem lutar por essa obstinação de estarem vivos e fazerem vida uma última vez. Então eles se amaram apesar de tudo ali mesmo soterrados nas entranhas da morte."

O GERMINAL

Wednesday, January 10, 2007

Omar Khayyam




Busca a felicidade agora, não sabes de amanhã.
Apanha um grande copo cheio de vinho...


Além da Terra, pelo Infinito,
procurei, em vão, o Céu e o Inferno.
Depois uma voz me disse:
Céu e Inferno estão em ti.

A rosa da felicidade não se abre para quem dorme;
por quê te entregares a esse irmão da morte?
Bebe vinho; tens tantos séculos para dormir.

Ninguém desvendará o Mistério. Nunca saberemos
o que se oculta por trás das aparências.
As nossas moradas são provisórias, menos aquela última.
Não vamos falar, toma o teu vinho.

Quando me falam das delícias que na outra vida
os eleitos irão gozar, respondo:
Confio no vinho, não em promessas;
o som dos tambores só é belo ao longe.

Bebe vinho, ele te devolverá a mocidade,
a divina estação das rosas, da vida eterna,
dos amigos sinceros. Bebe, e desfruta
o instante fugidio que é a tua vida.

Bebe o vinho, e contempla a lua:
lembra-te das civilizações que ela já viu morrer.
Se em teu coração cultivaste a rosa do amor,
quer tenhas procurado ouvir a voz de Deus,
ou esgotado a taça do prazer,
a tua vida não foi em vão.

Do meu túmulo virá um tal perfume de vinho
que embriagará os que por lá passarem,
e uma tal serenidade vai pairar ali,
que os amantes não quererão se afastar.