Tuesday, November 28, 2006

Manuel Bandeira


Desencanto


Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue.

Volúpia ardente...Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

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