Saturday, April 07, 2007

JAMES JOYCE


Ninguém foi além de Joyce até agora. Ulisses parece ser o fim do caminho. Joyce incomoda por pedir uma atenção não convencional, por exigir uma sensibilidade de leitor que vai muito além do trivial. Incomoda a ponto de você entender quase nada. Quase. Você fica com o sentimento de que tem algo ali que você quase entendeu. Que há muita coisa ali pra revirar.


"Stephen, com o cotovelo repousando no granito pontudo, encostou a palma abaixo da sobrancelha e olhou para a extremidade da manga de seu casaco preto lustroso que começava a puir. Uma dor, que ainda não era a dor do amor, agitou seu coração. Silenciosamente, em sonho, ela viera até ele após a sua morte, seu corpo gasto dentro de largas roupas tumulares marrons, exalando um odor de cera e pau-rosa, seu sopro, que se curvara sobre ele, mudo, reprovador, um fraco odor de cinzas molhadas. Através do punho puído ele viu o mar saudado como uma grande e doce mãe pela voz bem alimentada ao seu lado. A orla da baía e o horizonte continham uma massa líquida verde opaca. Uma tigela de porcelana ficara ao lado do leito de morte dela contendo a bile que parecia uma lesma verde arrancada de seu fígado apodrecido em seus ataques de vômito e de altos gemidos. "
ULISSES

No comments: