Thursday, January 10, 2008

Joaquim Pessoa


Meu amor

no teu peito de coragem
feito de pedras e cardos
há um país de viagem
e vinhos verdes maduros bastardos.
Há uma pedra de cal
em cada olhar que respira
há uma dor que já dura
desde que dura a mentira
há um muro levantado numa seara madura.
Verde mar verde limão são os teus olhos de medo
o vento é este segredo
que escreve em cada manhã
seu nome na erva, numa folha, nos bagos de uma romã.
Acendo-te uma fogueira nas tuas mãos acordadas
dou-te flores de laranjeira, dou-te ruas, dou-te estradas
dou-te palavras secretas, dou-te coragem e setas
Dou-te o meu nome raíz
há muito tempo arrancada
dou-te esta calma guardada
nos homens do meu país
dou-te a fome do meu canto proibido
dou-te os meus braços em cruz
e as mãos feitas num crivo
dou-te os meus pulsos abertos
mas é por outra que vivo.

1 comment:

Anonymous said...

Só para deixar um "VIVA" ao nosso querido POETA, JOAQUIM PESSOA, pelo poema e sua interpretação no espectáculo "Vozes de Abril" no Coliseu dos Recreios no passado dia 4.