Wednesday, January 30, 2008

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO


"De Paris, amo tudo com igual amor: os seus monumentos, os seus teatros, os seus bulevares, os seus jardins, as suas árvores… Tudo nele me é heráldico, me é litúrgico."
"Europa! Europa! Encapela-te dentro de mim, alastra-me da tua vibração, unge-me da minha época!…"
A CONFISSÃO DE LÚCIO

Monday, January 28, 2008

Herman Melville


...decidi voltar a navegar, ou seja, aventurar-me de novo pelas vastas planícies líquidas do Mundo. Achei que nada haveria de melhor para desopilar, quer dizer, para vencer a tristeza e regularizar a circulação sanguínea. Algumas pessoas, quando atacadas de melancolia, suicidam-se de qualquer maneira. Catão, por exemplo, lançou-se sobre a própria espada. Eu instalo-me tranquilamente num barco. O que nada tem de espantoso. Os homens não se dão conta disto, mas todos, em certo momento da vida, sentiram pelo mar um amor tão profundo como o meu. No entanto, não é como passageiro que navego.
MOBY DICK

João Cabral de Melo Neto


Estatura pequena e nítida
das cidades de onde ela era:
daquele justo para o abraço
que é de Cádiz, onde nascera,
e de Sevilha, onde vivia e se dizia,
mas não era: cidades que ainda se podem abraçar
de uma vez, completas, e que dão certo estar-se dentro,
àquele que as habita ou versa, a entrega inteira,
feminina, e sensual ou sexual, de sesta.

Lygia Fagundes Telles




SIMONE DE BEAUVOIR


Uma porta fechada, qualquer coisa que espreita, atrás. Ela não se abrirá se eu não me mexer. Não me­xer. Jamais. Parar o tempo e a vida. Mas eu sei que mexerei. A porta se abrirá lentamente e eu verei o que tem detrás. É o futuro. A porta do futuro vai se abrir. Lentamente. Implaca­velmente. Estou no limiar. Só existe esta porta e o que espreita atrás dela. Tenho medo. E não posso chamar ninguém por socorro.

MULHER DESILUDIDA

Thursday, January 17, 2008

Álvares de Azevedo


Dom Quixote! Sublime criatura!
Tu sim foste leal e cavaleiro,
O último herói, o paladim extremo
De Castela e do mundo.
Poemas Malditos

Tuesday, January 15, 2008

JORGE AMADO


Jogávamos jogos de prenda.
Andávamos de carro de boi.
Morávamos em casa mal-assombrada.
Conversávamos com moças e mágicos.
Achavas a Bahia imensa e misteriosa.
A poesia deste livro vem de ti.

Prefácio de: Capitães da Areia

Monday, January 14, 2008

Arthur Rimbaud


Antigamente, se bem me lembro, minha vida era um festim no qual todos os corações exultavam, no qual corriam todos os vinhos. Uma noite, sentei a Beleza em meus joelhos. E achei-a amarga. E injuriei-a. Armei-me contra a justiça. Fugi. Ó feiticeiras. ó miséria, ó ódio, a vós é que foi confiado o meu tesouro! Tudo fiz para que se desvanecesse em meu espírito a esperança humana. Como um animal feroz, investi cegamente contra a alegria para estrangulá-la.Conjurei os verdugos para morder, na minha agonia, a culatra de seus fuzis. Conjurei as pragas, para afogar-me na areia, no sangue. Fiz da desgraça a minha divindade. Refocilei na lama. Enxuguei-me ao ar do crime. E preguei boas peças à loucura.

Uma Estação no Inferno

Arthur Rimbaud


Eu habitava em sua alma como em um palácio que se desocupou para não se ver nele uma pessoa menos nobre que vós... Quando eu me for que estranho te parecerá tudo que tens passado. Quando já não tenhas meus braços em volta do teu pescoço, nem meu coração para reclinar-te, nem esta boca sobre teus olhos. Porque um dia terei que partir para muito longe.
Uma Estação no Inferno

Thursday, January 10, 2008

Joaquim Pessoa


Meu amor

no teu peito de coragem
feito de pedras e cardos
há um país de viagem
e vinhos verdes maduros bastardos.
Há uma pedra de cal
em cada olhar que respira
há uma dor que já dura
desde que dura a mentira
há um muro levantado numa seara madura.
Verde mar verde limão são os teus olhos de medo
o vento é este segredo
que escreve em cada manhã
seu nome na erva, numa folha, nos bagos de uma romã.
Acendo-te uma fogueira nas tuas mãos acordadas
dou-te flores de laranjeira, dou-te ruas, dou-te estradas
dou-te palavras secretas, dou-te coragem e setas
Dou-te o meu nome raíz
há muito tempo arrancada
dou-te esta calma guardada
nos homens do meu país
dou-te a fome do meu canto proibido
dou-te os meus braços em cruz
e as mãos feitas num crivo
dou-te os meus pulsos abertos
mas é por outra que vivo.

Monday, January 07, 2008

Frederico Garcia Lorca


No hay que esperar nunca!
Hay que vivir!

Asi que pasen 5 años.